segunda-feira, 2 de outubro de 2017

A última? Não! A única...



Pronto. Acabou mais um ciclo e outro começa. Novas eleições autárquicas e outra campanha eleitoral com as nuances do costume, vencedores e vencidos, mais ou menos conformados, mais ou menos democratas, mais ou menos extremistas na arte de denegrir os adversários. Maledicência quanto baste e a superar sempre a razoabilidade, muitas promessas de cada candidatura daquelas que raramente são integralmente cumpridas, tão raramente quanto nelas o povo acredita já.

Escrevi por aqui algures que não me seduz a política apesar de já ter sido formalmente convidado a integrar listas partidárias em eleições autárquicas anteriores. Não recusei por comodismo nem por me achar incapaz de servir a população da minha freguesia pois quem me conhece sabe que sou capaz. A única razão que me mantém fora desses projectos é o facto de ter plena consciência que já fiz bem a minha parte no que concerne a serviço público, fardado que andei desde os 17 – ainda no tempo da outra senhora – até aos 53 anos – já no tempo desta – para servir o meu país que quer numa quer na outra, foi sempre o mesmo.

Primeiro no exército como voluntário que me valeu mais de um ano a deambular por Elvas, Lisboa, Estremoz e Santa Margarida, seguindo-se a mobilização para a guerra a sério durante vinte e sete longos meses em África onde quase ia deixando a pele. Depois e porque não havia outra escolha já, o ingresso na carreira de agente de uma força de segurança até à aquisição das condições – tempo de serviço, claro – para a passagem à reforma prevista na lei. Entendo por isso que nada mais me pode ser exigido em prol do bem comum, uma vez que já dei de mim bastante durante mais de dois terços da minha vida.

Não deixo contudo de cumprir sempre os meus deveres cívicos e nunca prescindi de comparecer nas assembleias de voto para expressar a minha escolha consciente. Vou votar sempre em conformidade com a minha convicção e respeitando cada candidatura, concorde ou não com elas. Para mim cada candidato merece ser considerado, porque, se eu não estou disponível, há quem esteja. E quem dá a cara, quem se disponibiliza para servir os seus concidadãos, seja de que força politica for, merece ser respeitado.

Infelizmente aquilo a que assistimos campanha após campanha eleitoral é um autêntico e deprimente circo com a candidatura A a denegrir a candidatura B ou C, com protagonismos lamentáveis que não se coíbem de vasculhar a vida anterior e possíveis deslizes do adversário para o denegrir e lhe ganhar vantagem. Eu é que sou bom, ele é assim e assado. Lamentável. E o pior é que o exemplo vem de cima. Vemos e ouvimos nos noticiários televisivos diários que nos entram casa adentro coisas do arco da velha, exemplos do mais elementar primitivismo e falta de pudor democrático.

Depois, como somos exímios a imitar o que deveria ser inimitável, por estes meios afastados e isolados do Portugal profundo os maus exemplos multiplicam-se e assumem por vezes contornos de mesquinhez. E a campanha que culminou no acto eleitoral de ontem dia 1 de outubro de 2017 não podia ser diferente. E não foi. Uma vez mais fui surpreendido pela negativa. Alguém que eu julgava conhecer muito bem, teve, a meu ver, o comportamento e a atitude mais deplorável a que alguma vez me lembro de ter assistido. Se todos temos direito a exprimir pública e livremente a nossa opinião, há, no entanto, regras que nenhuma liberdade nos dá o direito de ultrapassar.

Li algures que existem pessoas que se julgam a última bolacha do pacote. Não sei bem porquê. Talvez porque se consideram melhores que as outras? Talvez… Cada pessoa interpreta o que escreve – ou o que lê – à sua maneira e da forma que mais lhe convém como é óbvio. Só que a mim parece-me agora e depois de tudo aquilo a que assisti nesta última campanha eleitoral que também existem pessoas que não se julgam apenas e só a última bolacha do pacote! Qual quê. Muito para lá de última, sentem-se... 

A ÚNICA.