Pronto. Acabou mais um ciclo e
outro começa. Novas eleições autárquicas e outra campanha eleitoral com as
nuances do costume, vencedores e vencidos, mais ou menos conformados, mais ou
menos democratas, mais ou menos extremistas na arte de denegrir os adversários.
Maledicência quanto baste e a superar sempre a razoabilidade, muitas promessas de
cada candidatura daquelas que raramente são integralmente cumpridas, tão raramente
quanto nelas o povo acredita já.
Escrevi por aqui algures que não me
seduz a política apesar de já ter sido formalmente convidado a integrar listas partidárias
em eleições autárquicas anteriores. Não recusei por comodismo nem por me achar
incapaz de servir a população da minha freguesia pois quem me conhece sabe que
sou capaz. A única razão que me mantém fora desses projectos é o facto de ter
plena consciência que já fiz bem a minha parte no que concerne a serviço
público, fardado que andei desde os 17 – ainda no tempo da outra senhora – até aos
53 anos – já no tempo desta – para servir o meu país que quer numa quer
na outra, foi sempre o mesmo.
Primeiro no exército como
voluntário que me valeu mais de um ano a deambular por Elvas, Lisboa, Estremoz
e Santa Margarida, seguindo-se a mobilização para a guerra a sério durante
vinte e sete longos meses em África onde quase ia deixando a pele. Depois e
porque não havia outra escolha já, o ingresso na carreira de agente de uma
força de segurança até à aquisição das condições – tempo de serviço, claro – para a
passagem à reforma prevista na lei. Entendo por isso que nada mais me pode
ser exigido em prol do bem comum, uma vez que já dei de mim bastante durante mais de dois terços da minha vida.
Não deixo contudo de cumprir
sempre os meus deveres cívicos e nunca prescindi de comparecer nas assembleias
de voto para expressar a minha escolha consciente. Vou votar sempre em
conformidade com a minha convicção e respeitando cada candidatura, concorde ou
não com elas. Para mim cada candidato merece ser considerado, porque, se eu não
estou disponível, há quem esteja. E quem dá a cara, quem se disponibiliza para
servir os seus concidadãos, seja de que força politica for, merece ser respeitado.
Infelizmente aquilo a que
assistimos campanha após campanha eleitoral é um autêntico e deprimente circo com
a candidatura A a denegrir a candidatura B ou C, com protagonismos lamentáveis
que não se coíbem de vasculhar a vida anterior e possíveis deslizes do
adversário para o denegrir e lhe ganhar vantagem. Eu é que sou bom, ele é assim
e assado. Lamentável. E o pior é que o exemplo vem de cima. Vemos e ouvimos nos
noticiários televisivos diários que nos entram casa adentro coisas do arco da
velha, exemplos do mais elementar primitivismo e falta de pudor democrático.
Depois, como somos exímios a
imitar o que deveria ser inimitável, por estes meios afastados e isolados do Portugal
profundo os maus exemplos multiplicam-se e assumem por vezes contornos de mesquinhez.
E a campanha que culminou no acto eleitoral de ontem dia 1 de outubro de 2017
não podia ser diferente. E não foi. Uma vez mais fui surpreendido pela
negativa. Alguém que eu julgava conhecer muito bem, teve, a meu ver, o
comportamento e a atitude mais deplorável a que alguma vez me lembro de ter
assistido. Se todos temos direito a exprimir pública e livremente a nossa
opinião, há, no entanto, regras que nenhuma liberdade nos dá o direito de
ultrapassar.
Li algures que existem pessoas
que se julgam a última bolacha do pacote. Não sei bem porquê. Talvez porque se
consideram melhores que as outras? Talvez… Cada pessoa interpreta o que
escreve – ou o que lê – à sua maneira e da forma que mais lhe convém como é
óbvio. Só que a mim parece-me agora e depois de tudo aquilo a que assisti nesta última campanha eleitoral que também
existem pessoas que não se julgam apenas e só a última bolacha do pacote! Qual quê. Muito para lá de última, sentem-se...
A ÚNICA.