Foto by José Coelho
O gato
O gato, à sua janela,
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai dormindo,
vai pensando
e vai sonhando:
-«Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...»
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai dormindo,
vai pensando
e vai sonhando:
-«Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...»
- «Pelas noites de invernia,
quando o vento, num lamento
muito lento, muito longo,
muito fundo, de agonia,
ruge e muge,
e a chuva bate à janela,
nos vidros fina a tinir...,
ai com é bom,
ai como é bom dormir
ao serão, todo enroscado
ao pé do lume doirado,
fazendo ron-ron, ron-ron..."
-«Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...»
O gato, à sua janela,
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai pensando,
vai dormindo
e vai sonhando:
- «Não tenho inveja a ninguém:
nem aos pássaros no ar
a voar,
nem aos cavalos saltando,
galopando,
nem as peixinhos no mar
a nadar;
não tenho inveja a ninguém,
aqui da minha janela
onde me sinto tão bem ...»
- «Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...»
muito lento, muito longo,
muito fundo, de agonia,
ruge e muge,
e a chuva bate à janela,
nos vidros fina a tinir...,
ai com é bom,
ai como é bom dormir
ao serão, todo enroscado
ao pé do lume doirado,
fazendo ron-ron, ron-ron..."
-«Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...»
O gato, à sua janela,
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai pensando,
vai dormindo
e vai sonhando:
- «Não tenho inveja a ninguém:
nem aos pássaros no ar
a voar,
nem aos cavalos saltando,
galopando,
nem as peixinhos no mar
a nadar;
não tenho inveja a ninguém,
aqui da minha janela
onde me sinto tão bem ...»
- «Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...»
Afonso Lopes Vieira