segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Venho dar-vos os Bons Anos... (assim diziam os antigos)


Selfie by Pedro Coelho em Setúbal 25-12-2015

Sem tempo para escrever desde a ante véspera do Natal neste "ponto de encontro" virtual, por motivos (creio) facilmente entendíveis, uma vez que, por excelência, esta é a época do ano especialmente dedicada ao convívio familiar no recato e intimidade de cada lar. Desde que me conheço foi sempre a festa maior da nossa família, talvez aquela que mais enche de gratas recordações a minha já muito recheada memória. Não devo ser o único.

Este ano eu e a minha Maria fomos até Setúbal consoar com a nossa netinha primogénita, os seus papás e os seus outros dois vôvôs, os nossos excelentíssimos compadres. Foi muito agradável no sossego de um cómodo e bonito apartamento, onde, apesar da modernidade, não falta sequer uma belíssima lareira com lume de chão (sem portas de vidro) para que as labaredas de azinho pudessem aquecer (e enriquecer) ainda mais o nosso Natal.

Foto by Pedro Coelho

Acho extraordinário que num prédio moderno, no meio da cidade, o seu arquitecto tenha concebido, em todos os andares, uma sala de jantar com uma lareira à antiga de lume no chão, à frente da qual nos podemos sentar, desfrutar as brasas e as chamas ao vivo, pegar na tenaz para ajeitar os madeiros, ver o fumo subir pela chaminé sem nos incomodar, sem que um bafo sequer saia de lá para fora. Aposto que o tal arquitecto, seja ele quem for, tem no seu ADN genes do meu Alentejo. E sem o conhecer, dei-lhe mentalmente os meus parabéns.

O Natal passou e regressámos a casa para preparar a chegada do novo ano. Expectativas? Poucas. Se calhar, nenhumas. Já não acredito em quase nada. Infelizmente. E se dúvidas surgirem, basta-me pensar nos quatro anos antecedentes e na derrocada dos direitos que se foram, dos valores e princípios arrastados pela lama e ruas da amargura, barbaridades sem fim a que impotentes assistimos e as consequências que descambaram em muitas centenas de milhares de famílias. 

Pessoas como nós. 

Podia ter sido eu. 

Podias ter sido tu. 

Podia ter sido ele, nós, vós, eles.

Será que já passou?

Será que vai voltar?

É aflitivo viver numa época assim. 

Ninguém merece.

Mas deixemos a tristeza e o medo do amanhã, mesmo depois de o doutor Anibal, o ainda ilustre representante máximo de todos os portugueses nos ter amedrontado com o seu discurso "do tempo de incerteza". Chegou 2016. Dificilmente será pior que o 2015, ou o 2014, ou 2013... 
É apenas mais um. 
Andemos p'rá frente que atrás vem gente! 

Cá em casa demos-lhe as boas vindas uma vez mais em reunião de família. A família possível. A que mora mais próxima e que é já tão pouca:
A netinha caçula mais os seus papás e a sua maninha.  
A mana Jaquina mai-lo cunhado Zé e a sobrinha Ana Lúcia.
A tia materna que toda a vida foi cá de casa. A nossa Júlia. Quase mais irmã do que só uma tia.
A lareira acesa, a mesa composta e gente feliz. Conforto, alimento e amor fraterno. Que mais é preciso? 

Agradeço ao Senhor por me  conceder quanto me faz falta: Este confortável Lar, o Pão de cada dia sobre a nossa mesa, esta maravilhosa Família, alguma Saúde, bastante Serenidade e muita Paz. 

Tenham um excelente 2016

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