sexta-feira, 29 de março de 2019

Do extinto tocadoscoelhosbeira.blogspot.com...

Foto by Pedro Coelho


Excerto adaptado


(Saudade daquele) (…) tempo, (em que) as aldeias de Marvão estavam cheias de gente, com uma ou mais escolas em cada uma delas a abarrotar de crianças, com trabalho aos montes para quem quisesse trabalhar.

A começar pelo extremo norte do concelho, a Herdade do Pereiro era um aglomerado populacional rural onde residiam permanentemente mais de cem famílias e ali trabalhavam o ano inteiro, onde existia mesmo uma escola e cantina escolar para os filhos dos trabalhadores, uma capela para assistência religiosa e uma mercearia para aquisição dos géneros necessários às donas de casa.

Para além destes residentes, acolhia a herdade outras tantas almas que diariamente para lá se deslocavam a trabalhar nas duas fábricas de moagem de pimentão e outras especiarias, ou para o lagar, ou mesmo para a preparação de conservas de azeitonas e não só. Sazonalmente, em época de colheita de azeitona, deslocavam-se de Montalvão e de outras localidades, ranchos de gente que ali permaneciam desde Novembro a Fevereiro.

Por sua vez, a Beirã, a minha amada aldeia, era um importante centro ferroviário e aduaneiro que chegou a ter mail de mil habitantes, para além de toda a componente das casas agrícolas em seu redor que sustentavam as necessidades consumistas de toda a população e criavam também inúmeros postos de trabalho.

Santo António das Areias então era um extraordinário polo industrial que dava trabalho, vencimentos e estabilidade a mais de metade das famílias do concelho, pois vinha gente de todas as aldeias e lugares trabalhar nas suas indústrias.
Na vila de Marvão não havia,como há hoje, ruas inteiras de casas semi-vazias.

Na Portagem já existia a serração que ainda lá existe hoje e, embora em número mais reduzido, também alguns restaurantes que já geravam também postos de trabalho.

A fronteira dos Galegos era um autêntico jardim habitacional.

Na Escusa, explorava-se a cal e vivia-se da exploração agrícola de todo aquele excelente e fértil vale do Prado (…) hoje ocupado pelo Campo de Golfe…

(…)

José Manuel Lourenço Coelho  
03 de março de 2010
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