Foto by Pedro Coelho
Excerto adaptado
(Saudade daquele) (…)
tempo, (em que) as aldeias de Marvão estavam cheias de gente, com uma ou mais
escolas em cada uma delas a abarrotar de crianças, com trabalho aos montes para
quem quisesse trabalhar.
A começar pelo
extremo norte do concelho, a Herdade do Pereiro era um aglomerado populacional
rural onde residiam permanentemente mais de cem famílias e ali trabalhavam o
ano inteiro, onde existia mesmo uma escola e cantina escolar para os filhos dos
trabalhadores, uma capela para assistência religiosa e uma mercearia para
aquisição dos géneros necessários às donas de casa.
Para além destes
residentes, acolhia a herdade outras tantas almas que diariamente para lá se
deslocavam a trabalhar nas duas fábricas de moagem de pimentão e outras
especiarias, ou para o lagar, ou mesmo para a preparação de conservas de
azeitonas e não só. Sazonalmente, em época de colheita de azeitona,
deslocavam-se de Montalvão e de outras localidades, ranchos de gente que ali permaneciam
desde Novembro a Fevereiro.
Por sua vez, a
Beirã, a minha amada aldeia, era um importante centro ferroviário e aduaneiro
que chegou a ter mail de mil habitantes, para além de toda a componente das
casas agrícolas em seu redor que sustentavam as necessidades consumistas de
toda a população e criavam também inúmeros postos de trabalho.
Santo António das
Areias então era um extraordinário polo industrial que dava trabalho,
vencimentos e estabilidade a mais de metade das famílias do concelho, pois vinha
gente de todas as aldeias e lugares trabalhar nas suas indústrias.
Na vila de Marvão
não havia,como há hoje, ruas inteiras de casas semi-vazias.
Na Portagem já
existia a serração que ainda lá existe hoje e, embora em número mais reduzido,
também alguns restaurantes que já geravam também postos de trabalho.
A fronteira dos
Galegos era um autêntico jardim habitacional.
Na Escusa,
explorava-se a cal e vivia-se da exploração agrícola de todo aquele excelente e
fértil vale do Prado (…) hoje ocupado pelo Campo de Golfe…
(…)
José Manuel
Lourenço Coelho
03 de março de 2010
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