Foto by José Coelho
Imagem inesperada do magnífico anoitecer de sexta feira 8 de abril de 2018 que captei quando circulava de carro a caminho de Portalegre para mais uma reunião de CEPs com o senhor bispo da diocese. Mais uma, a somar a tantas outras, onde apenas eu compareço. Algumas vezes sózinho, quase sempre com a minha companheira de vida e de vez em quando com a irmã, em nome desta paróquia que não é apenas nossa, mas da qual somos os únicos que nos dispomos sempre a representá-la, nessas andanças. Mais ninguém se chega à frente. Uns/umas porque não podem, outros/outras porque não querem - quase todos/todas e não muitos/muitas - limitam a sua actividade paroquial a assistirem à missa uma vez por semana se podem. Cada um faz como entende e nada mais se pode exigir.
Adiante...
Saímos (eu, a Maria Manuela e a Joaquina Coelho, pra variar) sob um céu de negras nuvens e intensa chuva. Para evitar o habitual nevoeiro dos Alvarrões, optei por dar a volta pela estação de Castelo de Vide. É ligeiramente mais longe, mas muito melhor caminho. E normalmente sem nevoeiro. Acendia-se a iluminação publica da vila quando a circundávamos pela estrada da circunvalação em direcção à rotunda dos bombeiros, debaixo de um estranhíssimo céu a pairar sobre nós. Do lado esquerdo, grossas e negras nuvens roçavam a serra e os telhados das casas. Do lado direito, o sol poente espreitava por uma aberta nas nuvens. E ao centro, quase por cima de nós, um largo e multicolorido arco-íris.
Estranho e espetacular cenário...
Tenho que fotografar isto! Pensei. E, assim que pude, já nas proximidades da estação ferroviaria, encostei na berma e fiz, entre outras, a foto que ilustra este texto. O céu parecia cobrir-se de ouro à medida que o sol se escondia atrás do horizonte. Momentos raros de uma beleza que poucas vezes na vida consegui observar. Durou só uns breves minutos porque a seguir escureceu. E a hora marcada para o inicio dos trabalhos estava a aproximar-se. A chuva parou e a serenidade desceu sobre toda a natureza. Seguimos viagem. Só mais tarde, já em casa, pude verificar que tinha captado aquelas cores surpreendentes e apressei-me a partilhar a imagem com todos. Famíliares e amigos. O que é bom e bonito deve ser partilhado. Nem que seja para ajudar alguém que esteja mais sozinho, a sentir-se um pouco mais acompanhado.
Quanto à reunião...
Um salão confortavelmente climatizado do seminário aguardava os participantes do arciprestado de Portalegre que se atreveram a doar um pouco do seu tempo em prol da sua comunidade, sob a presidência do seu bispo. Apenas uma paróquia não esteve representada mas não vou dizer qual foi. A intenção é uniformizar procedimentos para que em toda a diocese se façam as coisas da mesma forma. É bom. É útil. É necessário. Pena que sejamos, há décadas, sempre as mesmas caras nestas reuniões. É pena também que apesar de pequenas, envelhecidas e cada vez mais escassas de eventos, as nossas comunidades não sejam mais unidas, participantes e interventivas. E é ainda pena que nunca ninguém se preocupe em ajudar aqueles poucos que voluntária e generosamente se dispõem a cuidar daquilo que pertence a todos.
E é pena, sobretudo, haver quem, para além de não ajudar em nada, ainda critique, sentencie, mande abébias parvas, injustas e descabidas. Quem se acha capaz de fazer mais e melhor, porque não se chega à frente?
Disse.