Vou contar-vos hoje como, sem ajudas – bem pelo contrário, mas isso são outros quinhentos – sem cunhas, sem papás endinheirados a moverem influências só por ser um filho do papá, tive a sorte e o privilégio de ingressar na Guarda Nacional Republicana onde a Educação, a Camaradagem, a Honra e o Respeito entre os seus efetivos, quer Superiores, quer Subordinados, sempre foram, continuam e vão continuar a ser, palavras de ordem que se cumprem escrupulosamente.
Soldado nos primeiros quatro anos, Cabo depois por frequência em Curso de Formação adequado com Aproveitamento durante o ano letivo – OUT1982/JUN1983 – no Centro de Instrução da GNR na Ajuda em Lisboa, imediatamente a seguir, aproveitando os conhecimentos adquiridos no Curso de Promoção a Cabo submeti-me às provas de aptidão escritas físicas e psicotécnicas para o 6º Curso de Formação de Sargentos que frequentei com sucesso e teve a duração dos dois anos letivos seguintes de OUT1983/JUN1984 – Parte I ainda como Cabo e de OUT1984/JUN1985 – Parte II, já graduado em Furriel .
Comandei, logo após promovido a Segundo-sargento, de AGO1985/OUT1991 um efetivo de Excelentes Profissionais no Posto de Nisa e posteriormente de NOV91/OUT92 no de Castelo de Vide, aos quais ainda hoje estimo e me estimam. Nomeado para a Escola Prática de Infantaria em Mafra em ABR1992 a frequentar o Curso de Promoção a Sargento-Ajudante - Parte Militar, durante três meses com Aproveitamento, tendo a Parte Técnico-Profissional sido depois ministrada por igual período temporal na Escola da Guarda em Queluz, também com Aproveitamento.
Terminada a formação do CFSA fui pouco depois promovido e colocado em 07OUT92 a comandar a Secretaria da CCS do Agrupamento de Instrução de Praças de Portalegre em acumulação com as funções de Instrutor dos Cursos de Formação de Praças nas disciplinas de Armamento, Regulamentos Policiais, Legislação da GNR e Dactilografia. Terminei a carreira, a meu pedido, em 03NOV2003 por já ter ultrapassado os 36 anos de serviço obrigatórios para a reforma, apesar de só já faltar um mês para ser promovido ao posto de Sargento-Chefe. Desempenhar já então nesta altura há quase dois anos as funções de Chefe da Secretaria-Geral daquela digníssima Unidade.
E porque é que estou a descrever tudo isto? Para enfática e comprovadamente poder assegurar que fui militar quase toda a minha vida, desde a Recruta no BC8 em Elvas em 04MAI1971 até 03NOV2003 no AIP/Portalegre quando passei à situação de reforma. UMA VIDA INTEIRA. Conheci mais de uma dezena de Senhores Oficiais Generais do Exército porque até há muito poucos meses atrás eram sempre do Exército os nossos Exmºs Comandantes-Gerais, conheci dezenas de senhores Oficiais superiores que foram os meus Comandantes de Batalhão e conheci dezenas de Senhores Capitães, Tenentes e Alferes que foram os meus Comandantes de Companhia ou de Secção.
TODOS ELES, SEM EXCEPÇÃO, eram HOMENS EXTRAORDIÁRIOS. Humanos, respeitadores e respeitados, educados e solidários com os seus semelhantes e subordinados, sendo de sublinhar que quanto mais elevada é a sua patente, mais a sua urbanidade se evidencia perante todos. Tenho por isso um orgulho imenso de ter sido militar da GNR onde não é hábito discriminar ou insultar Camaradas Soldados, Cabos, Sargentos ou Oficiais e onde ética e militarmente não só me formei como Militar também aprendi a ser o Cidadão que sou.
Prova disso é o percurso que sucintamente subscrevi.
Recebi dos meus diversos Comandantes CINCO extensos louvores, desde Major-general a Capitão. Usava ainda no Grande Uniforme as medalhas que me foram sendo atribuídas ao longo do meu percurso militar. A primeira foi a Medalha Comemorativa,das Campanhas em Angola com a Legenda 1972/73/74 publicada na Ordem de Serviço Nº 62 do BCav3871 de 14/3/1974, a segunda foi a Medalha Militar de Cobre da classe do comportamento exemplar publicada na Ordem de Serviço do Batalhão 3 da GNR Nº 213/1981 e substituída posteriormente pela de grau prata, e, finalmente, a Medalha de Mérito da Segurança Pública – Duas Estrelas.
Não foi, asseguro-vos, por ser lambe-botas ou bandalho. Sinto-me por isso, no direito que me confere ESTA VIDA INTEIRA DE MILITAR AO SERVIÇO DO MEU PAÍS, entre milhares de militares bem formados, de poder afirmar que, em meu entender, qualquer ex-militar seja de que patente for, que criminosamente, – porque é crime de difamação e deveria ser denunciado – ofende, insulta e difama camaradas seus de todas as patentes nas redes sociais – e por isso na forma pública o que agrava a pena que pune o crime – nem para soldado serve, porque desde o primeiro minuto que a um soldado, recruta ou cadete, são exigidos valores e princípios inalienáveis como carácter, honra, respeito, educação, camaradagem e civismo:
Logo,
quem os não possui, não será digno sequer de vestir a farda, muito menos de fazer uso de divisas ou galões.
Porque,
e citando o General Octávio Costa…
“A farda não é uma veste que se despe com facilidade ou até com indiferença, mas uma segunda pele que adere à própria alma, irreversivelmente e para sempre”.
Disse.
E não, não sou gabarolas. Mas também não me envergonha o meu percurso. Subi a pulso, fiz a minha carreira trabalhando honrada e afincadamente, para servir com decência e decoro, o meu País. E estou revoltado com o comportamento indigno de um ex-militar de uma das minhas ex-unidades que devia ter implícito o dever de ser exemplo, e mais ainda com os ex-camaradas que aplaudem as sandices que ele publica a denegrir a honra e o respeito devido a alguns camaradas nossos, entre os quais nem sequer me incluo.
José Coelho
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