Aos 07 de Março de 2015 nasce este blogue que tal como o seu antecessor TocadosCoelhos pretende apenas ser um ponto de encontro e de entretenimento pautando-se sempre pelas regras da isenção, da boa educação e do civismo em geral. Sejam bem-vindos.
terça-feira, 30 de abril de 2024
segunda-feira, 29 de abril de 2024
sexta-feira, 26 de abril de 2024
Que assim seja
quinta-feira, 25 de abril de 2024
Simbolismo antagónico
segunda-feira, 22 de abril de 2024
sexta-feira, 19 de abril de 2024
quarta-feira, 17 de abril de 2024
Desde 1971
terça-feira, 16 de abril de 2024
Um "falar" de todos nós
sábado, 13 de abril de 2024
Cuidem-se
Bom domingo, sejam felizes...
Um dia mais é também um dia menos
Acordei cedo. Muito cedo, como
sempre. O restauro e ampliação desta casa cheia de grandes janelas foi na
íntegra por mim concebido. As mais amplas são as voltadas ao Nascente. Por
isso, logo que a aurora começa a clarear por terras d’Espanha por detrás da
Murta, a suave luminosidade filtrada pelas persianas e cortinados – associada
ao cantar dos também madrugadores galos da vizinhança – fazem-me despertar.
Claro que não me ponho logo a pé a essa hora, embora já não consiga dormir
mais. Deixo-me ficar sossegado para não acordar a “patroa” enquanto vou
apreciando o despertar de toda a natureza que rodeia estes meus domínios.
O metálico debicar dos pardais na
caça aos insetos para o pequeno-almoço da sua prole no algeroz do beirado, onde
já uma vez construíram um monumental ninho vingando-se talvez por eu não ter
permitido que o construíssem nos tubos do motor do ar condicionado, no verão
anterior. Também pelas redondezas vive há muitos anos um numeroso bando de
rolas turcas que nidificam nos abundantes sobreiros da Tapada da Rabela anexa
ao nosso quintal – o ano passado até o fizeram na laranjeira sem
receio do alcance das nossas mãos – e pousam no telhados ou nas chaminés onde
cantam, cantam, cantam, de manhã à noite, atentas aos besouros que circulam
pelas redondezas e às sementes das espigas na horta, bem como aos dois baldes
de água fresca que todos os dias coloco à sua disposição e onde vão beber à
vez.
Ah! E chegaram já também os
famintos estorninhos que chiam como ratos enquanto devoram os primeiros
figos-lampos das figueiras que também abundam por aí, sem os deixarem sequer
amadurecer!
Longe vai já o tempo em que tinha
de levantar-me às seis da manhã para cortar a barba, tomar um duche e o
pequeno-almoço antes de marchar às minhas obrigações profissionais. Muitos dias
houve também que, em função das mesmas, o nascer do dia era exatamente a hora
em que a minha ronda noturna na proteção de pessoas e bens terminava. Aí então,
em vez de acordar, era a hora de me deitar e dormir.
Por isso este é o tempo de
descansar e desfrutar da paz e tranquilidade dos meus dias, naquele que para
mim é também o melhor lugar do mundo. A Toca dos Coelhos. Aqui nasci, aqui
passei inquestionavelmente os momentos mais doces da minha vida, aqui me despedi
para sempre dos entes mais queridos, aqui tenho a grata bênção de envelhecer
agora. Se não tenho uma vida perfeita – acho que ninguém tem – é seguramente a
vida menos agitada que poderia ambicionar.
Os problemas – maioritariamente de
saúde – são idênticos aos de tanta outra gente que conheço com as mesmas
limitações e constrangimentos, minimizadas o quanto possível, mas sempre
aceites com ânimo e resignação. Queixumes nada adiantam porque nada resolvem,
por isso vou vivendo, desfrutando e agradecendo, um dia de cada vez. Mesmo com
limitações, entendo a Vida como um dom valioso que me foi concedido e que tenho
o dever de aceitar e fazer valer a pena. Até mesmo os dias mais difíceis. Nem
sempre é fácil, nem sempre consigo estar alegre e bem-disposto, mas todos os
dias tento superar o que me puxa para baixo, levantar a cara e enfrentar
decididamente aquilo que me perturba.
O perigo que vivemos nos últimos
anos é a mais evidente prova do quão somos impotentes perante a força da
natureza e que nunca saberemos do que ela é capaz para se defender de tantas
agressões e nos remeter à nossa humana insignificância. Deveríamos ser mais
cuidadosos com ela e respeitar os seus ciclos naturais sem os corromper abusiva
e constantemente. A pandemia foi uma tão contundente como letal resposta à
irresponsável ousadia de o ser humano achar que pode fazer tudo, alterar tudo,
substituir tudo.
Não pode.
Andamos – acho eu – a mexer há
demasiado tempo com aquilo que não devemos e a caminhar para a autodestruição.
Nunca, jamais ou em tempo algum, o Homem conseguirá substituir a Natureza.
Poderá imitá-la, poderá substituir alguns dos seus efeitos por outros
similares, mas nunca conseguirá superá-la. E de tanto ousar vai perder o
controle e sofrer as consequências. Quiçá a Covid 19 seja apenas um começo. Sem
qualquer pretensão de me julgar mais perfeito que os demais, tenho, no entanto,
plena consciência que sempre a admirei e respeitei.
Sou um dos seus mais fiéis
seguidores e admiradores. A atestá-lo, os milhares de imagens do meu acervo
fotográfico onde mais de noventa por cento são a fauna, a flora, as paisagens
rústicas e ambientais, o céu azul ou nublado, para além das cores do por do sol
que em meu modesto entender são a obra-prima mais incrível que se pode
contemplar, a magnificência e o esplendor na forma mais perfeita que nos são
oferecidos diariamente pelo Criador.
Mas também me parecem imponentes as
cores da aurora desde a primeira rosada auréola celeste, até o astro-rei se
elevar na linha do horizonte. Curiosamente o nascer do dia traz consigo o
despertar barulhento de toda a vida sobre a terra, enquanto o seu ocaso a
emudece quase por completo.
Poucas coisas admiro
mais.
Em cada acordar tenho por hábito
agradecer mais um dia de vida. E antes de adormecer, o dia vivido. Não o faço
por costumeira beatice mas por absoluta convicção do meu dever de gratidão. Ser
grato, atento e disponível fazem, fizeram sempre, parte do meu ADN. Vivo cada
dia como se fosse o último serenamente, não por ser agora recomendado em
virtude da pandemia, mas porque sempre fui assim.
Entendo que cada dia que amanhece e
soma mais um à nossa vida, é simultaneamente um a menos do total que temos
destinados para viver. Essa é, seguramente, a mais precisa equação matemática.
Nunca se esqueçam dela. E procurem ser felizes, mesmo quando não conseguirem
alcançar tudo quanto acham ser preciso para o conseguir…
José Coelho
sexta-feira, 12 de abril de 2024
Bom fim de semana
quinta-feira, 11 de abril de 2024
Mudança de ciclo
Primeira rosa-anã deste ano, prenúncio seguro de mudança de ciclo do frio para o tempo ameno... A Natureza não falha!
terça-feira, 9 de abril de 2024
Uma farda é uma segunda pele
Vou contar-vos hoje como, sem ajudas – bem pelo contrário, mas isso são outros quinhentos – sem cunhas, sem papás endinheirados a moverem influências só por ser um filho do papá, tive a sorte e o privilégio de ingressar na Guarda Nacional Republicana onde a Educação, a Camaradagem, a Honra e o Respeito entre os seus efetivos, quer Superiores, quer Subordinados, sempre foram, continuam e vão continuar a ser, palavras de ordem que se cumprem escrupulosamente.
Soldado nos primeiros quatro anos, Cabo depois por frequência em Curso de Formação adequado com Aproveitamento durante o ano letivo – OUT1982/JUN1983 – no Centro de Instrução da GNR na Ajuda em Lisboa, imediatamente a seguir, aproveitando os conhecimentos adquiridos no Curso de Promoção a Cabo submeti-me às provas de aptidão escritas físicas e psicotécnicas para o 6º Curso de Formação de Sargentos que frequentei com sucesso e teve a duração dos dois anos letivos seguintes de OUT1983/JUN1984 – Parte I ainda como Cabo e de OUT1984/JUN1985 – Parte II, já graduado em Furriel .
Comandei, logo após promovido a Segundo-sargento, de AGO1985/OUT1991 um efetivo de Excelentes Profissionais no Posto de Nisa e posteriormente de NOV91/OUT92 no de Castelo de Vide, aos quais ainda hoje estimo e me estimam. Nomeado para a Escola Prática de Infantaria em Mafra em ABR1992 a frequentar o Curso de Promoção a Sargento-Ajudante - Parte Militar, durante três meses com Aproveitamento, tendo a Parte Técnico-Profissional sido depois ministrada por igual período temporal na Escola da Guarda em Queluz, também com Aproveitamento.
Terminada a formação do CFSA fui pouco depois promovido e colocado em 07OUT92 a comandar a Secretaria da CCS do Agrupamento de Instrução de Praças de Portalegre em acumulação com as funções de Instrutor dos Cursos de Formação de Praças nas disciplinas de Armamento, Regulamentos Policiais, Legislação da GNR e Dactilografia. Terminei a carreira, a meu pedido, em 03NOV2003 por já ter ultrapassado os 36 anos de serviço obrigatórios para a reforma, apesar de só já faltar um mês para ser promovido ao posto de Sargento-Chefe. Desempenhar já então nesta altura há quase dois anos as funções de Chefe da Secretaria-Geral daquela digníssima Unidade.
E porque é que estou a descrever tudo isto? Para enfática e comprovadamente poder assegurar que fui militar quase toda a minha vida, desde a Recruta no BC8 em Elvas em 04MAI1971 até 03NOV2003 no AIP/Portalegre quando passei à situação de reforma. UMA VIDA INTEIRA. Conheci mais de uma dezena de Senhores Oficiais Generais do Exército porque até há muito poucos meses atrás eram sempre do Exército os nossos Exmºs Comandantes-Gerais, conheci dezenas de senhores Oficiais superiores que foram os meus Comandantes de Batalhão e conheci dezenas de Senhores Capitães, Tenentes e Alferes que foram os meus Comandantes de Companhia ou de Secção.
TODOS ELES, SEM EXCEPÇÃO, eram HOMENS EXTRAORDIÁRIOS. Humanos, respeitadores e respeitados, educados e solidários com os seus semelhantes e subordinados, sendo de sublinhar que quanto mais elevada é a sua patente, mais a sua urbanidade se evidencia perante todos. Tenho por isso um orgulho imenso de ter sido militar da GNR onde não é hábito discriminar ou insultar Camaradas Soldados, Cabos, Sargentos ou Oficiais e onde ética e militarmente não só me formei como Militar também aprendi a ser o Cidadão que sou.
Prova disso é o percurso que sucintamente subscrevi.
Recebi dos meus diversos Comandantes CINCO extensos louvores, desde Major-general a Capitão. Usava ainda no Grande Uniforme as medalhas que me foram sendo atribuídas ao longo do meu percurso militar. A primeira foi a Medalha Comemorativa,das Campanhas em Angola com a Legenda 1972/73/74 publicada na Ordem de Serviço Nº 62 do BCav3871 de 14/3/1974, a segunda foi a Medalha Militar de Cobre da classe do comportamento exemplar publicada na Ordem de Serviço do Batalhão 3 da GNR Nº 213/1981 e substituída posteriormente pela de grau prata, e, finalmente, a Medalha de Mérito da Segurança Pública – Duas Estrelas.
Não foi, asseguro-vos, por ser lambe-botas ou bandalho. Sinto-me por isso, no direito que me confere ESTA VIDA INTEIRA DE MILITAR AO SERVIÇO DO MEU PAÍS, entre milhares de militares bem formados, de poder afirmar que, em meu entender, qualquer ex-militar seja de que patente for, que criminosamente, – porque é crime de difamação e deveria ser denunciado – ofende, insulta e difama camaradas seus de todas as patentes nas redes sociais – e por isso na forma pública o que agrava a pena que pune o crime – nem para soldado serve, porque desde o primeiro minuto que a um soldado, recruta ou cadete, são exigidos valores e princípios inalienáveis como carácter, honra, respeito, educação, camaradagem e civismo:
Logo,
quem os não possui, não será digno sequer de vestir a farda, muito menos de fazer uso de divisas ou galões.
Porque,
e citando o General Octávio Costa…
“A farda não é uma veste que se despe com facilidade ou até com indiferença, mas uma segunda pele que adere à própria alma, irreversivelmente e para sempre”.
Disse.
E não, não sou gabarolas. Mas também não me envergonha o meu percurso. Subi a pulso, fiz a minha carreira trabalhando honrada e afincadamente, para servir com decência e decoro, o meu País. E estou revoltado com o comportamento indigno de um ex-militar de uma das minhas ex-unidades que devia ter implícito o dever de ser exemplo, e mais ainda com os ex-camaradas que aplaudem as sandices que ele publica a denegrir a honra e o respeito devido a alguns camaradas nossos, entre os quais nem sequer me incluo.
José Coelho