O sol que secou a face da terra
Fazendo em restolho os verdes mais
belos
Vai-se já cobrindo no vale e na
serra
De limbos de nuvens que imitam castelos
Sentem-se no rosto aragens suaves
As folhas das árvores amarelecendo
Juntas em bandos vão migrando
as aves
Seu trinar nos campos emudecendo
Da árida terra espreitam sementes
Fecundadas já pelas maresias
E os pastos novos aguardam latentes
Crescem as noites, minguam os dias.
Estações do ano são tempo de vida
Que ciclicamente se repetirá
Tal não acontece à criatura parida
Ao findar seu tempo não mais voltará.
Não chores por aquilo que o tempo levou
Muitas vezes agreste, outras vezes bonança
Vive o teu presente que o ontem passou
O amanhã quem sabe se o tem ou alcança?
Sê bem-vindo outono dos dias
amenos
Também já cheguei ao outono da
vida
Que tal como os teus possam ser serenos
Os dias que eu tiver para a levar vencida.
Beirã, outono de 2016
José Coelho