Colhemos o que semeamos. É verdade. O tempo é a árvore que
nos dará o fruto dos nossos gestos. Esse fruto será doce ou será amargo,
conforme a ternura ou o azedume que deixarmos pelo caminho que formos lavrando,
e virá sempre no tempo certo. O fruto dos nossos gestos nunca vem fora de
época, sabe sempre quando o devemos provar.
Quem não cuidou, não pode esperar ser cuidado. Quem não foi
capaz de apoiar, não pode esperar ser amparado. Quem não teve uma palavra para
quem a aguardava, não pode esperar nada a não ser silêncio. Quem não soube
estar perto, não pode esperar senão distância. Quem não soube abraçar, não pode
esperar senão braços cruzados. Quem não soube estar presente, não pode esperar
ser visitado. O amor não é uma obrigação. Não é algo só porque sim. Quem não
valorizou, não pode esperar ter valor para quem ignorou.
Quem só foi capaz de agredir, não pode esperar carinho. Quem
esperava poder humilhar contando que essa humilhação fosse esquecida,
enganou-se. Às vezes, sim, o tempo enfraquece a memória, mas aquilo que o
coração guarda nunca se perde. Para o bem e para o mal. Os corações nunca
esquecem. Quem nunca mostrou disponibilidade, quem nunca esteve para o que
desse e viesse, não pode esperar receber amor de volta. O amor só regressa a
quem o soube dar, o amor só regressa de livre vontade. Ninguém ama à força.
In lado.a.lado