segunda-feira, 20 de julho de 2020

Assim, não...

Foto José Coelho

Todos estes pedaços de granito que eu varri e apanhei na hora, caíram na varanda, telhado, janelas e portas da minha casa, alguns dos quais ressaltaram para dentro da cozinha, projectados em todas as direcções a partir das obras da nova antena de telecomunicações da Beirã.

À velocidade a que "voavam" e pelo estrondo que faziam ao caírem por todo o lado, imaginem que um cascalho destes caía na cabeça de alguém ou em cima de algum carro. 

Não sou muito assustadiço mas estremeci com o abanão da casa e o fortíssimo estrondo causado pela explosão sem qualquer pré-aviso, seguido do imediato estilhaçar de pedras sobre o telhado, portas, janelas e varandas, onde poderiam até andar a brincar as duas netas de 5 e 8 anos que connosco se encontram a passar férias.

Entendo que seja necessário rebentar o granito para abrir o buraco do alicerce da "sapata" de betão que irá suportar a antena de telecomunicações da Meo junto do depósito das águas da Beirã, a poucos metros da minha casa. Mas havia que tomar as mais elementares precauções e no mínimo avisar os residentes para que se acautelassem.

Quando foi feito o saneamento básico de todas as ruas adjacentes as valas também foram assim abertas à força de dinamite e a escassos metros das portas e janelas das casas porque o subsolo de toda esta zona é rocha viva. Mas nunca isto aconteceu. A vizinhança era avisada, os possíveis danos devidamente acautelados e não houve perigo para pessoas nem bens, como neste episódio a todos os níveis censurável.

Alguns danos em casas de vizinhos foram imediatamente identificados depois do tremendo estrondo. Telhas partidas foram logo referenciadas e substituídas. Mas eu só vou saber se também fui "premiado" com algum desses prejuízos quando começar a chover, uma vez que não tenho acesso fácil ao telhado e pela volumetria da casa não dá para se ver a olho nu. Um dos vizinhos viu pedras a caírem ao seu lado e só por sorte não foi atingido por nenhuma, tendo ido imediatamente reclamar. 

Há veículos estacionados nas ruas, há gente nos quintais, que porra de responsabilidade é esta de quem usa explosivos passíveis de causarem danos, sem qualquer aviso prévio? Ah e tal, têm quinze dias para reclamar. Reclamar a quem, como e onde? E como foram os possíveis prejudicados avisados dos seus direitos? Não temos o dom de adivinhar! Assim, não. Lá porque somos já poucos por cá, não somos descartáveis.

José Coelho
20.07.2020