Foto by José Coelho
Nunca
os invernos me pareceram tão tristes e longos. O vento a uivar pelas frestas
que sempre consegue achar nas portas e nas janelas, por mais perfeitas que
sejam. O tamborilar monótono da chuva lá fora. O silêncio inquietante das ruas
quase desertas onde se sucedem casas com as portas trancadas pela ausência de
quem as habitou, janelas às escuras como olhos que cegaram e há muito deixaram
de vislumbrar qualquer centelha de luz. Resta o aconchego do lume. Mas até
esse, apenas aquece o corpo por fora. Por dentro, a nossa alma continua gelada,
tão grande é a melancolia que de tudo isto emana. À nossa volta só abunda agora
a solidão. Nem mesmo o vistoso crepitar das chamas e o alegre estalar das
brasas em combustão conseguem animar tão silenciosos serões...
Beirã,
14 de Fevereiro de 2015
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