quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Um silêncio cada vez maior...

Foto by José Coelho

Nunca os invernos me pareceram tão tristes e longos. O vento a uivar pelas frestas que sempre consegue achar nas portas e nas janelas, por mais perfeitas que sejam. O tamborilar monótono da chuva lá fora. O silêncio inquietante das ruas quase desertas onde se sucedem casas com as portas trancadas pela ausência de quem as habitou, janelas às escuras como olhos que cegaram e há muito deixaram de vislumbrar qualquer centelha de luz. Resta o aconchego do lume. Mas até esse, apenas aquece o corpo por fora. Por dentro, a nossa alma continua gelada, tão grande é a melancolia que de tudo isto emana. À nossa volta só abunda agora a solidão. Nem mesmo o vistoso crepitar das chamas e o alegre estalar das brasas em combustão conseguem animar tão silenciosos serões...

Beirã, 14 de Fevereiro de 2015
José Coelho, no Facebook

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Coisas que leio...

Auto-retrato 2018.02.03

Entra pela velhice com cuidado.
Pé ante pé, sem provocar rumores
Que despertem lembranças do passado,
Sonhos de glórias, ilusões de amores
Do que tiveres no pomar plantado
Apanha os frutos e recolhe as flores,
Mas lavra ainda e planta o teu eirado,
Que outros virão colher quando te fores.
Não te sejas a velhice enfermidade!
Alimenta no espírito a saúde,
Luta contra as tibiezas da vontade.
Que a neve caia! O teu ardor não mude!
Mantém-te jovem, pouco importa a idade!
Tem cada idade a sua juventude…


Bastos Tigre