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Aos 07 de Março de 2015 nasce este blogue que tal como o seu antecessor TocadosCoelhos pretende apenas ser um ponto de encontro e de entretenimento pautando-se sempre pelas regras da isenção, da boa educação e do civismo em geral. Sejam bem-vindos.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Os nosses m´nines jasuses... (em beiranês arcaico e puro)
O Menino Jesus da nossa igreja que várias gerações de Beiranenses beijam há mais de 70 anos, desde a Noite de Natal até aos Reis, e que este ano, na Festa da Padroeira, foi generosamente oferecido à Paróquia da Beirã pelas herdeiras da Família Vivas. A foto é da autoria do meu filho Pedro Coelho e foi feita na Missa do Galo de 2012.
O Menino Jesus que a minha Mãe tinha sobre a cómoda do seu quarto, desde o dia que lhe foi oferecido pela nora num Natal distante. Repousa agora todos os dias na prateleira de uma das estantes do escritório cá de casa, junto da moldura que tem o retrato dos meus dois progenitores. Esta foto fui eu que fiz.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
domingo, 13 de dezembro de 2015
Bom domingo...
Na convivência, o tempo não importa. Se for
um minuto, uma hora, uma vida. O que importa é o que ficou desse minuto, dessa
hora, dessa vida. Lembra que o que importa é que tudo o que semeares, colherás.
Por isso, marca a tua passagem. Deixa algo de ti, do teu minuto, da tua hora,
do teu dia, da tua vida...
Mário Quintana
sábado, 12 de dezembro de 2015
sábado, 5 de dezembro de 2015
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Coisas que leio...
A6 - Imagem copiada no Google
Segunda-feira
passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de
uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em
sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma autoestrada
luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada
nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado,
composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis.
Vinda de um país
onde as autoestradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:
– É sempre assim,
esta auto-estrada?
– Assim, como?
– Deserta,
magnífica, sem trânsito?
– É, é sempre
assim.
– Todos os dias?
– Todos, menos ao
domingo, que sempre tem mais gente.
– Mas, se não há
trânsito, porque a fizeram?
– Porque havia
dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento
era isto.
– E têm mais auto-estradas
destas?
– Várias e ainda
temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto vamos ficar com três.
Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns
quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três
entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos
acordos de Quioto, etc., - respondi, rindo-me.
– E, já agora,
porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de
camiões?
– Porque assim não
pagam portagem.
– E porque são
quase todos espanhóis?
– Vêm trazer-nos
comida.
– Mas vocês não
têm agricultura?
– Não: a Europa
paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é
rentável.
– Mas para os
espanhóis é?
– Pelos vistos…
Ela ficou a pensar
um pouco e voltou à carga:
– Mas porque não
investem antes no comboio?
– Investimos, mas
não resultou.
– Não resultou,
como?
– Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar
a linha Lisboa-Porto com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
– Mas porquê?
– Olha, é assim: a
maior parte do tempo, o comboio não ‘pendula’; e, quando ‘pendula’, enjoa de
morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um
bar infecto e, de facto, o único sinal de ‘modernidade’ foi proibirem de fumar
em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a
companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
– E gastaram nisso
uma fortuna?
– Gastámos. E a
única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que
demorava a viagem há cinquenta anos…
– Estás a brincar
comigo!
– Não, estou a
falar a sério!
– E o que fizeram
a esses incompetentes?
– Nada. Ou melhor,
agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV:
Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa… E ainda há umas ameaças de fazerem
outro no Algarve e outro no Centro.
– Mas que tamanho
tem Portugal, de cima a baixo?
– Do ponto mais a
norte ao ponto mais a sul, 561 km.
Ela ficou a olhar
para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
– Mas, ao menos, o
TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
– Não! Pára em
várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em
Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para
Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que
é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os
compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em
Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára
em Lisboa, em duas estações.
– Como: então o
TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra
em Lisboa?
– Isso mesmo.
– E como entra em
Lisboa?
– Por uma nova
ponte que vão fazer.
– Uma ponte
ferroviária?
– E rodoviária
também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para
Lisboa.
– Mas isso é o
caos, Lisboa já está congestionada de carros!
– Pois é.
– E, então?
– Então, nada. São
os especialistas que decidiram assim.
Ela ficou
pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
– E, desculpa lá,
esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a autoestrada está deserta…
– Não, não vai
ter.
– Não vai? Então,
vai ser uma ruína!
– Não, é preciso
distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão
capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma
ruína – aliás, já admitida pelo Governo – porque, de facto, nem os
especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
– E quem paga os
prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
– Naaaão! Quem
paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
– E vocês não
despedem o Governo?
– Talvez, mas não
serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição,
quando era governo…
– Que país o
vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que
vai perder dinheiro?
– Dizem que não
podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
– O que é isso? Ir
em TGV de Lisboa a Helsínquia?
– A Helsínquia, não,
porque os países escandinavos não têm TGV.
– Como? Então, os
países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
Miguel Sousa Tavares In Expresso 29-6-2009
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.
Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo,
até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do
rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.
- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase
no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a
TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das
low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado,
que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost
para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo
aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da
América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao
fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não
serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até
instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a
agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água
a mais.
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e
não serve para nada?
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações
turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos
escuros e virou-se para me olhar bem de frente:
- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são
ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis
por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a
fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres
e enlouqueceremos de vez.
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para
trás no assento. E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão
agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem
ninguém!
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